segunda-feira, 16 de maio de 2011

Design instrucional x teorias de aprendizagem.

Para se definir as ações a serem adotadas numa disciplina ou em um curso, é necessário, primeiramente, definir a teoria de aprendizagem que fundamentará este trabalho. Isto é importante porque os objetivos, os conteúdos, os métodos de ensino e aprendizagem adotados e as relações estabelecidas com os estudantes nesta disciplina ou curso devem estar relacionadas a esta teoria, que permeia o trabalho educacional.

A aprendizagem é um termo amplo e muitas vezes difícil de ser delimitado e que vem sofrendo alterações significativas ao longo dos séculos. Embora não exista uma definição quanto às práticas, temos, segundo Greeno, Collins e Resnick (apud LITTO, FORMIGA (2009), a perspectiva associacionista, perspectiva cognitiva e perspectiva situada.

Para selecionarmos as mídias, as técnicas, as formas de apresentação do conteúdo, dentre outras ações relacionadas à capacitação em Educação, precisamos conhecê-las. Veja a seguir uma síntese destas bases teóricas da educação, segundo Litto e Formiga (2009).


Perspectiva associacionista: concentra-se no estudo do comportamento público do indivíduo que pode ser observável e mensurável. Acredita-se que a aprendizagem ocorre pelo reforço externo e pela ação de um estímulo. Esta teoria está focada meramente na transmissão de conteúdos, fazendo de sua avaliação um processo que privilegia a memorização. Além disso, não trabalha possibilidades de diferentes caminhos para que o estudante construa seu conhecimento. Alguns representantes desta teoria são: Pavlov, Watson, Thorndike e Skinner.

Pespectiva cognitiva: esta teoria defende que a construção do conhecimento ocorre em ambientes naturais de interação social, ou seja, cada um constrói seu aprendizado com base nas experiências. Aqui a aprendizagem ocorre através da pesquisa, da investigação e da solução de problemas pelo próprio estudante. Mesmo que ele tenha que realizar várias tentativas de acerto, o processo valoriza a experimentação e a interação. São considerados representantes desta teoria o construtivismo e sócioconstrutivismo sendo ambas as teorias “ramificações” do cognitivismo. Em termos gerais, pode-se dizer que o construtivismo estuda o que é o saber e como ele se desenvolve. Jean Piaget é um dos grandes representantes do construtivismo. Já o sócio-construtivismo refere-se à aprendizagem como construção pela relação da pessoa com o seu ambiente sociocultural e com o outro. Essa relação promove o desenvolvimento, que é impulsionado pela linguagem. O maior representante desta teoria é Vigotsky.

Perspectiva situada: em conformidade com os princípios sociointeracionistas, aqui o processo ensino/aprendizagem deve ser amigável, e o professor atua como facilitador dessa atmosfera, pelo diálogo pessoal e igualitário, enfatizando o contexto social da aprendizagem. Os autores destacam ainda que, na perspectiva situada, a aprendizagem é uma atividade inerente social, onde o diálogo cooperativo permite que os diferentes atores participantes do processo experimentem os diferentes pontos de vista. Ou seja, professores, estudantes, materiais instrucionais e colegas são fontes de informações que podem ser consultados para a construção do conhecimento.

Para Sacristán e Gómez (2007), as teorias de aprendizagem referem-se às informações básicas, mas não suficientes para organizar as práticas de ensino. Mas, como destaca Filatro (2008), o importante o suficiente para o designer instrucional considerar ao desenhar o material ou o curso em questão, a fim de atender a necessidade de aprendizagem do estudante.

Uma vez que os aprendizes têm estilos de aprendizagem diferentes, o designer instrucional deve ter conhecimento da proposta de cada teoria de aprendizagem, de forma tal que o design do projeto educacional apresente as metas e os objetivos de aprendizagem os mais adequados possíveis para o público-alvo ao qual está sendo direcionado.

De acordo com Filatro (2008) [1], uma alternativa para a escolha de uma teoria de aprendizagem é procurar analisar os objetivos de aprendizagem que se deseja alcançar num projeto educacional. Esse processo é dinâmico com ações que contribuem para a qualidade do processo aprendizagem, e isso definirá um bom design instrucional.

Apesar de termos muitos colegas educadores, que acreditam que o processo de aprendizagem ainda é baseado na memorização e na reprodução destes em avaliações objetivas. Litto (2010) [5] destaca que atualmente o processo de ensino/aprendizagem envolve quatro elementos fundamentais, a saber: aquele que deseja aprender (estudante),
o conhecimento em si (ideias, informações), aquele que organiza o conhecimento de forma a promover a aprendizagem (professor, equipe multidisciplinar) e o contexto na qual a aprendizagem ocorrerá.

A combinação das teorias de aprendizagem, práticas de design instrucional e TIC oferece excelentes condições de manuseio de palavras, imagens e sons que permitem a preparação de ambientes de aprendizagem para pessoas com diferentes perfis para a aquisição da informação e construção do conhecimento (LITTO, 2010).


Perceba que o designer instrucional é quem faz a ligação entre a teoria de aprendizagem e a prática educacional e pedagógica. Ou, em outras palavras, as teorias são as bases, o design instrucional é o meio e a tecnologia funciona como suporte à prática de construção do conhecimento.

Neste ponto, poderá surgir a seguinte questão: qual a metodologia que devo escolher para elaborar material didático? Qual a melhor teoria que devo adotar para meu plano instrucional?

Hoje, as instituições de ensino vêm buscando trabalhar as diferentes abordagens em busca da melhor maneira de transmitir a informação ao estudante, de forma que este consiga trabalhá-la como base para a construção do seu conhecimento.

Sendo assim, independentemente da modalidade de ensino que será adotada, o importante é identificar qual teoria pedagógica deverá fundamentar o curso/ disciplina antes de se definirem as ações de trabalho num projeto educacional.

Metodologia ou Tecnologia?





Referencias:

Fundação CECIERJ – Educação a Distância
Acesso em: 16/05/2011

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